terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Adeus, Primeiro Amor (Dir. Mia Hansen-Løve) - 2011

O 3º longa de Mia não é sobre o amor. Não é sobre a capacidade que esse sentimento tem de resistir ao tempo ou se uma pessoa pode amar duas outras, ao mesmo tempo, mesmo que de forma diferente. Não é sobre nada disso. É sobre uma menina que se transforma em mulher.

A protagonista, Camille, se envolve em 1999 com Sullivan, aquele que ela acha ser o amor de sua vida, e que talvez realmente seja. Tudo termina quando ele resolve viajar com dois amigos para a América Latina. Mesmo em meio a inúmeras ameaças de Camille, dizendo que iria se matar, ele parte. Inicialmente escreve cartas, mas assim como sua memória de Paris que vai ficando escassa, o amor que ele dizia sentir por Camille também fica, ao ponto de nem mesmo ele saber se realmente jurou à garota seu amor ou se tudo não passou de um sonho.

Camille, esperançosa, aguarda em vão. Passam-se anos e Sullivan não volta. Enquanto ele vai embora da França na tentativa de usufruir de novas experiências, Camille fica. Estagnada, a garota se arrasta pelos anos, pensando nele todos os dias. Quando ela descobre que possui um talento para a arquitetura, começa a ver uma porta de saída para tudo aquilo que lhe sufocava.

Ela se envolve com um dos seus professores da faculdade, Lorenz, um homem mais velho, divorciado, com um filho, estável economicamente, culto, maduro. Tudo aquilo que Sullivan jamais seria um dia. Anos e mais anos se passam, Camille cresce, não apenas como pessoa, mas também como uma profissional. Desenvolve uma relação realmente séria com Lorenz. Mas é visível que sempre carregou consigo as lembranças de Sullivan.

Ele retorna de viagem e se encontra com Camille. Por mais que ela já tivesse se desenvolvido emocionalmente, a sombra de seu primeiro amor sempre permaneceu. Assim, ela ignora a moralidade e trai, talvez por achar que de alguma forma sua relação com Sullivan poderia permanecer e desenvolver.

Quando o rapaz a abandona, novamente através de um carta, Camille ainda sofre. Mas não como antes, afinal ela se transformara. Apesar de ainda chorar pelo amor que sentia por Sullivan, a forma de lidar com esse sentimento não permaneceu o mesmo.

Em seu 3º longa, mais uma vez Mia nos apresenta a um tema já batido nos cinemas, porém, com um ponto de vista totalmente diferente. Em "Tudo Está Perdoado" e "O Pai das Minhas Filhas", as protagonistas, também mulheres, são obrigadas pela vida a passarem por momentos difíceis, como a morte ou a separação. Mas a diferença nessas obras da realizadora, é que ela se preocupa em mostrar a superação e o avanço da feminilidade sobre esses problemas. Em geral, como o tempo e o "luto" são capazes de mudar uma mulher. De torná-la madura, não digo melhor, mas capaz de lidar de forma diferenciada com aquilo que antes as abatia.

Dessa maneira, é que "Adeus, Primeiro Amor" chega a seu fim. Camille vai para um riacho, o qual já havia visitado com Sullivan. Dessa vez, vai sozinha, sem precisar de ninguém para acompanhá-la. Em uma singela sequência, o chapéu que um dia ela ganhara do garoto é carregado pelo vento, caindo no riacho e indo embora. Tudo isso ao som da música de Johnny Flynn com Laura Marling, "The Water", que vai mais ou menos assim:
"The water sustains me without even trying
The water can't drown me, I'm done
With my dying."

*Menção Especial no Festival Internacional de Cinema de Locarno

*Download do filme: ainda não disponível

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